Desde que se popularizou nas redes sociais em 2020, especialmente com vídeos de “comprinhas” muito tem se falado sobre a Shein.
Não faltam críticas, mas duas delas são as maiores:
- A falta de transparência na sua cadeia de produção, que culmina em diversas acusações de trabalho escravo.
- A quantidade de peças novas lançadas diariamente, que além de servir como incentivo a moda descartável, também diminui cada vez mais o seu tempo de vida.
No que isso é diferente da Zara?
A Zara é um rede de lojas fundada nos anos 70 com base na Espanha e que hoje pertence ao Grupo Inditex. Em 1999 foi aberta a primeira loja fisíca no Brasil e em 2011 veio a primeira polêmica.
Foi nesse ano que “uma fiscalização em São Paulo flagrou trabalhadores bolivianos em condições análogas à escravidão, em duas oficinas subcontratadas de forma irregular por um então fornecedor da Zara”.
Além disso, em 2021, após uma investigação policial no Ceará, a empresa foi acusada de racismo por implementar um esquema de vigilância de clientes negros ou com padrão de roupas simples através do código “Zara Zerou”.
Enquanto a Zara se compromete com a revitalização das suas políticas de trabalho, mesmo que incentivado pelas polêmicas e por termos de compromisso assinados com o Ministério Público do Trabalho, a Shein permanece calada e sem a mínima fiscalização nacional!
Segundo o índice de Transparência da Moda Brasil de 2021 do Fashion Revolution a Zara possui atualmente uma pontuação de 38% de “transparência” e ficou em 13 lugar na pesquisa, a pontuação média ficou em 18% entre as 50 marcas pesquisadas.
A Shein não fez parte da pesquisa nacional, mas fez da global. Nessa, a empresa chinesa ganhou uma nota de 1% enquanto a espanhola ficou em 36%.
*só esse dado já faz toda a diferença*
Já sobre a segunda maior problemática citada no início do post, a velocidade do lançamento das suas coleções, enquanto a Zara lança, em média, 2.000 novas peças por mês a Shein lança 1.000 peças novas por dia.
Pra onde vai tudo isso?
Mas calma, não estamos defendendo a Zara ou demonizando a Shein.
Enquanto a primeira consegue, aos poucos, ir se desvinculando das acusações de trabalho escravo, a segunda é exemplo de diversidade na sua grade de tamanhos (coisa que a Zara fica anos luz de distância).
Enquanto a Zara encara acusações de racismo, a Shein enfrenta acusações de Greenwashing e plágio. O ponto aqui é que as duas são problemáticas, mas são diferentes.
Não dá para jogar todas no mesmo bolo, assim como não dá para culpar o fast fashion por tudo!
São inúmeras as marcas de luxo que passam pelas mesmas acusações, mas só recebem menos holofotes. Além de que, acabar com o fast fashion não é uma alternativa viável ou sequer saudável para o mercado atual.
Qual a solução? Qual marca escolher? Quem é a menos pior? A gente não tem essa resposta.
O que sabemos é que é preciso continuar cobrando por transparência, buscando informações sobre as marcas que consome e, principalmente, cobrando por políticas públicas que fiscalizem esse mercado.
E assim, fazer suas escolhas de qual marca consumir de forma consciente e de acordo com a sua realidade.